Possível morte de Líder Russo Dissidente em Acidente Aéreo Próximo a Moscou

No final da noite da última quarta-feira, há suspeitas de que Yevgeny Prigozhin, o notório dissidente russo apelidado por Vladimir Putin como um “traidor”, tenha falecido em um trágico acidente de jato particular perto de Moscou. Este incidente ocorreu menos de dois meses após ele liderar uma revolta contra os altos escalões militares do Kremlin.

Yevgeny Prigozhin, que liderava o controverso grupo paramilitar Wagner, estava entre os passageiros do avião Embraer que caiu nas proximidades da vila de Kuzhenkino, localizada a cerca de 60 milhas ao norte de Moscou. As informações foram divulgadas pela agência de notícias TASS na quarta-feira, citando a Agência Federal de Transporte Aéreo.

A agência declarou: “Uma investigação sobre o acidente do avião Embraer ocorrido na região de Tver nesta noite foi iniciada. De acordo com a lista de passageiros, o nome completo de Yevgeny Prigozhin estava presente.”

Embora não esteja confirmado se Prigozhin estava de fato a bordo do voo, destroços da aeronave exibem os quatro últimos dígitos do número de registro como 2795, correspondendo ao avião de Prigozhin, RA-02795, conforme reportado pela CNN. Um canal do aplicativo Telegram associado ao grupo Wagner anunciou a morte de Prigozhin com as palavras: “Mesmo no inferno, ele será o melhor! Glória à Rússia!” acompanhadas de uma imagem de Prigozhin segurando uma revista em quadrinhos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, expressou pouca surpresa com o acidente fatal, dada a possível presença de um oponente de Putin a bordo. Biden disse aos repórteres: “Não tenho certeza do que aconteceu, mas não estou surpreso. Poucas coisas ocorrem na Rússia sem o envolvimento de Putin, mas não possuo informações suficientes para afirmar com certeza.”

Por outro lado, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podolyak, dirigiu uma mensagem forte aos outros adversários de Putin, alertando que a “deslealdade equivale à morte”, em uma postagem em uma plataforma social.

O acidente aconteceu pouco tempo após um jato associado ao grupo Wagner, que Prigozhin havia usado previamente, ter decolado de Moscou naquela noite, perdendo contato por volta das 18h11, horário local.

Outro avião possivelmente ligado a Prigozhin pousou em segurança em São Petersburgo às 18h19, também horário local, conforme registros de voo indicam. Segundo autoridades, a aeronave que caiu levava 10 pessoas a bordo e despencou menos de 30 minutos após a decolagem do aeroporto Sheremetyevo, nos arredores de Moscou, com destino a São Petersburgo.

O avião incendiou-se com o impacto, conforme relatado pela agência estatal, que anteriormente foi acusada de disseminar propaganda russa durante o conflito na Ucrânia. Até o momento, pelo menos oito corpos foram recuperados no local do acidente.

Informações apontam que Dmitry Utkin, comandante do grupo Wagner, também estava possivelmente a bordo do avião condenado, conforme divulgado por um canal no Telegram afiliado ao grupo. Alegações de que o avião teria sido abatido por sistemas de defesa aérea russos foram feitas por “diversas fontes” e divulgadas por esse mesmo canal.

Um vídeo não verificado, que aparenta mostrar um jato correspondente a um Embraer Legacy 600 caindo do céu, foi compartilhado pela RIA Novosti, um canal russo.

A investigação do acidente encontra-se sob o “controle pessoal” do governador da região de Tver, Igor Rudenya, de acordo com a TASS. Paralelamente, uma investigação criminal liderada pelo Comitê de Investigação Russo está em andamento, como reportado pela CNN. O caso está sendo enquadrado no artigo 263 do Código Penal da Federação Russa, que trata de violações em operações de transporte aéreo.

Prigozhin liderou seu grupo em um motim contra o presidente russo, Vladimir Putin, em 24 de junho, marchando em direção a Moscou antes de recuar a cerca de 160 quilômetros da capital, quando as tropas concordaram em voltar às linhas de frente.

Este acidente ocorre somente dois dias depois de Prigozhin, de 62 anos, compartilhar seu primeiro discurso em vídeo desde a tentativa de revolta abortada. As imagens não verificadas mostram o mercenário mascarado segurando um rifle de assalto, com a declaração de que “a Wagner PMC (empresa militar privada) está tornando a Rússia ainda maior em todos os continentes, e a África – ainda mais livre”. O oligarca inclusive forneceu um número de telefone para recrutas. Supõe-se que o vídeo tenha sido filmado em algum local na África, uma vez que um avião ligado a Prigozhin teria pousado em Bamako, Mali, no domingo.

O Grupo Wagner foi contratado por uma junta militar local no Mali em 2021, após a expulsão das forças de manutenção da paz da ONU e das tropas francesas do país.

Antes do vazamento dessas imagens, Prigozhin havia permanecido discreto desde o motim de 24 de junho, que questionou a abordagem militar russa no conflito ucraniano. As forças do grupo Wagner sofreram perdas consideráveis no combate, liderando inclusive o ataque a Bakhmut. Enquanto as tropas de Prigozhin avançavam em direção a Moscou, Putin o denunciou como um “traidor”.

O presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, intermediou um frágil acordo de paz entre Putin e Prigozhin, resultando no cancelamento da marcha em troca de anistia para Prigozhin e suas tropas. Embora Prigozhin tivesse aceitado o exílio na Bielorrússia, informações indicam que ele permanecia na Rússia desde 6 de julho, de acordo com relatórios da BBC. (Com informações New York Post)