
Krugman critica Trump por tarifas ao Brasil e alerta para ameaça à democracia
O economista norte-americano Paul Krugman, prêmio Nobel de Economia e colunista do The New York Times, fez duras críticas ao ex-presidente Donald Trump após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, classificando a medida como “diabólica e megalomaníaca”. A decisão de Trump, oficializada nesta quarta-feira (9), já repercute negativamente nos Estados Unidos e no cenário internacional.
Em um texto intitulado Programa de Trump de Proteção a Ditadores, Krugman afirmou que a imposição de tarifas carece de fundamentos econômicos e visa, principalmente, interferir no processo judicial brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Trump mal finge que há uma justificativa econômica. Trata-se de punir o Brasil por julgar Bolsonaro”, escreveu.
Krugman comparou a situação do ex-presidente brasileiro à tentativa de golpe promovida por Trump nos Estados Unidos em 2021, quando apoiadores do republicano invadiram o Capitólio após sua derrota para Joe Biden. “Bolsonaro perdeu a eleição e tentou se manter no poder com um golpe. Claro que soa familiar”, ironizou o economista.
Em sua mensagem ao governo brasileiro, Trump criticou abertamente o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), dizendo que se trata de uma “caça às bruxas” e pediu que o processo fosse encerrado imediatamente. Para Krugman, essa atitude demonstra o alinhamento de Trump com figuras autoritárias: “Trump está tentando usar tarifas para ajudar outro projeto de ditador”.
O economista também questionou a eficácia das sanções comerciais contra um país como o Brasil, cujo principal parceiro é a China (26,8% das exportações em 2022), e não os Estados Unidos (11,4%). “Trump realmente acha que pode intimidar uma nação gigante que sequer é tão dependente do mercado americano?”, provocou.
Por fim, Krugman avaliou que a atitude de Trump poderia justificar um processo de impeachment. “Se ainda temos uma democracia funcional, essa jogada com o Brasil poderia fundamentar o impeachment. Claro, isso deveria esperar na fila, atrás de outros argumentos”.
A medida anunciada por Trump reacende preocupações sobre o uso de tarifas como ferramenta política e evidencia o impacto das relações pessoais e ideológicas nas decisões de comércio exterior.