Comissária de proteção de dados acusa DeepSeek de violar normas europeias ao transferir dados para servidores na China

O governo da Alemanha pediu oficialmente, na última sexta-feira (21/6), que Google e Apple removam de suas lojas o aplicativo DeepSeek, uma startup chinesa de inteligência artificial, alegando violação das leis de proteção de dados da União Europeia (UE).

A comissária de proteção de dados do país, Meike Kamp, afirmou que a transferência de dados de usuários alemães para servidores na China é ilegal. Em nota, ela declarou que a empresa não conseguiu provar que os dados tratados na China recebem o mesmo nível de proteção exigido pelo regulamento europeu (GDPR).

“As autoridades chinesas têm direitos de acesso abrangentes a dados pessoais dentro do território chinês. Isso compromete a privacidade dos usuários europeus”, alertou Kamp.

O que é o DeepSeek?

A DeepSeek ganhou notoriedade no início de 2024 ao lançar um modelo de inteligência artificial com custo de treinamento significativamente inferior ao de rivais como o ChatGPT, da OpenAI. O sucesso inicial da plataforma, no entanto, levantou sérios questionamentos sobre transparência e segurança.

Segundo os próprios termos de uso do DeepSeek, os dados dos usuários são armazenados em servidores “seguros” localizados na China. A empresa também admite coletar informações como modelo do dispositivo, sistema operacional, endereço IP, ritmo de digitação e idioma do sistema.

Reações internacionais

O aplicativo já vem enfrentando restrições em países da Europa e nos Estados Unidos:

• Itália baniu o DeepSeek de suas lojas de aplicativos.

• Holanda proibiu seu uso em dispositivos governamentais.

• Nova York, nos EUA, adotou medida semelhante, por “graves riscos de privacidade e censura”.

• O governo dos EUA já cogita banimento total do app em dispositivos federais, segundo o Wall Street Journal.

Apesar do alerta da Alemanha, Google e Apple ainda não se pronunciaram oficialmente sobre a permanência do aplicativo em suas plataformas.

Preocupações crescentes com IA chinesa

O episódio reforça os debates sobre a presença de tecnologia chinesa em mercados ocidentais, especialmente diante da crescente desconfiança em relação ao controle estatal sobre empresas do setor de tecnologia na China. Casos semelhantes já colocaram TikTok, da ByteDance, sob intensa vigilância no Ocidente.

Enquanto a DeepSeek tenta se posicionar como uma alternativa econômica às IAs americanas, cresce a pressão internacional para que transparência, segurança e conformidade com normas locais sejam critérios inegociáveis.