Polícia Civil desarticula esquema que fraudava isenção de imposto de renda com falsos laudos do caso Césio 137
A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Grupo de Repressão a Roubos, deflagrou nesta quinta-feira (30) a Operação Césio 171, que cumpriu sete mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária na Região Metropolitana de Goiânia. Entre os alvos estão advogados, um médico e um engenheiro, suspeitos de envolvimento em um esquema de estelionato contra o poder público, associação criminosa e falsidade ideológica.
O grupo é acusado de fraudar documentos e laudos médicos para obter isenção de imposto de renda em nome de militares estaduais que teriam atuado na época do acidente com o Césio-137, ocorrido em Goiânia na década de 1980. O prejuízo estimado com o esquema é de R$ 79 milhões, sendo que o dano efetivo aos cofres públicos já apurado chega a R$ 1,7 milhão.
🕵️♀️ Estrutura do grupo criminoso
De acordo com as investigações, o grupo atuava de forma estruturada e hierarquizada, dividido em quatro núcleos principais:
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Núcleo de captação: formado por um militar da reserva remunerada e uma advogada, responsáveis por recrutar militares aposentados, principalmente aqueles que serviram nos anos 1980.
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Núcleo de falsificação: composto por advogados, um médico e um engenheiro, encarregados de produzir e alterar laudos e relatórios médicos, inserindo doenças falsas e modificando nomes para simular exposição ao material radioativo.
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Núcleo jurídico: usava logins de advogados “laranjas” para protocolar ações judiciais fraudulentas, com o objetivo de obter a isenção do imposto de renda.
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Núcleo de advogados laranjas: fornecia credenciais profissionais para o grupo burlar o sistema eletrônico de peticionamento judicial e o princípio do juiz natural, escolhendo comarcas específicas para facilitar a tramitação dos processos.
⚖️ Ação policial e prejuízo evitado
Segundo a Polícia Civil, os investigados adulteravam até comprovantes de residência para definir em quais varas judiciais os processos seriam ajuizados. Essa manipulação de jurisdição permitia que os pedidos fraudulentos fossem analisados por magistrados de localidades mais propensas a concessões rápidas.
A Operação Césio 171 tem como foco desarticular completamente o grupo, atingindo os núcleos jurídico e de falsificação, que permaneceram ativos mesmo após a primeira fase da investigação, denominada “Fraude Radioativa”, deflagrada em 2024.
Na etapa anterior, as autoridades já haviam cumprido mandados de prisão e apreensão contra outros integrantes do esquema, o que impediu que o prejuízo fosse ainda maior.
A PCGO informou que a investigação segue em andamento e que os materiais apreendidos, incluindo documentos, computadores e dispositivos eletrônicos, serão analisados para identificar novas ramificações da quadrilha e possíveis beneficiários das fraudes.