
Trump ameaça emissoras nos EUA enquanto sanciona Brasil em nome da liberdade de expressão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a levantar dúvidas sobre sua real defesa da liberdade de expressão. Enquanto aplica sanções econômicas ao Brasil e acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de perseguir Jair Bolsonaro e seus aliados, ele próprio ameaça caçar licenças de emissoras norte-americanas que criticam seu governo.
Durante viagem ao Reino Unido, Trump afirmou que canais que “só o criticam” deveriam ter as licenças de radiodifusão revistas pela Comissão Federal de Comunicações (FCC), chefiada por Brendan Carr, aliado próximo do republicano.
A fala ocorre em meio à pressão da Casa Branca sobre a ABC, que suspendeu o programa do apresentador Jimmy Kimmel, crítico de Trump, após comentários sobre o assassinato do militante de extrema-direita Charlie Kirk, morto em Utah. O chefe da FCC chegou a dizer que as afiliadas da ABC poderiam “resolver da maneira fácil ou da difícil”, gerando protestos e acusações de censura.
Nos EUA, a decisão foi classificada pela ACLU como grave ameaça à Primeira Emenda, já que se soma ao processo movido por Trump contra o New York Times e jornalistas que publicaram reportagens incômodas ao governo.
Em contradição, no Brasil, Trump justifica sanções de 50% sobre exportações brasileiras e medidas contra o ministro Alexandre de Moraes como defesa da liberdade de expressão. Ele acusa o STF de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e conspiração para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.