O Papa Leão XIV lançou um alerta contundente sobre os perigos da inteligência artificial (IA), classificando-a como uma ameaça à humanidade e exigindo uma resposta coordenada e urgente em nível global. Em um discurso proferido no Vaticano durante sua primeira audiência formal com o Colégio de Cardeais, o pontífice afirmou que a IA representa desafios sérios à dignidade humana, à justiça e ao mundo do trabalho.

“Hoje, a Igreja oferece seu tesouro de ensinamentos sociais para responder a outra revolução industrial e às inovações no campo da inteligência artificial”, declarou Leão XIV, conforme reportado pelo Wall Street Journal.

A fala acontece no contexto de uma cúpula promovida pelo Vaticano sobre ética da IA, que reúne executivos de grandes empresas como IBM, Cohere, Anthropic e Palantir. O objetivo é debater os impactos da tecnologia e estabelecer princípios éticos para seu desenvolvimento.

Leão XIV, o primeiro papa americano, assumiu o nome inspirado em Leão XIII — conhecido como o “Papa dos Trabalhadores” — para reforçar o paralelo entre os desafios da Revolução Industrial e os dilemas da atual era digital. Com formação em matemática, o novo pontífice sinaliza uma atuação mais ativa e técnica diante da crescente influência da IA na sociedade.

Estudos recentes estimam que até 80% dos empregos em todo o mundo poderão ser impactados pela automação até 2050. Frente a esse cenário, o Vaticano cobra a criação de regulamentações internacionais juridicamente vinculativas para frear o uso descontrolado da IA. “Essas ferramentas não devem ser demonizadas, mas precisam ser regulamentadas”, defende o cardeal Giuseppe Versaldi.

A preocupação com a IA não é nova na Igreja. O Papa Francisco já havia alertado sobre os riscos de uma “ditadura tecnológica” e defendido que as decisões humanas não podem ser substituídas por algoritmos. Em 2020, o Vaticano lançou o “Apelo de Roma para a Ética da IA”, que conta com apoio de empresas como Microsoft e IBM, mas que não foi endossado por gigantes como Google e OpenAI.

Com o Papa Leão XIV, a Igreja Católica reafirma seu papel como voz ética e moral no debate global sobre os rumos da inteligência artificial. O pontífice promete seguir com firmeza na defesa da dignidade humana diante do avanço acelerado da tecnologia.