Julgamento de Daniel Alves em Barcelona: Acusação de Agressão Sexual
Nesta segunda-feira (5), teve início o julgamento de Daniel Alves, em Barcelona, Espanha, em relação a uma suposta agressão sexual envolvendo uma mulher de 23 anos durante uma noite em uma casa noturna na cidade catalã. Inicialmente, ele estava programado para depor pela manhã, mas a juíza Isabel Delgado Pérez atendeu a um pedido da defesa para que ele testemunhasse após a mulher que o acusa, as testemunhas e os peritos. O julgamento ocorre ao longo de três dias.
Alves chegou ao tribunal sob escolta policial. Ele permaneceu em silêncio durante a apresentação inicial de sua advogada, Inés Guardiola. Familiares do jogador, incluindo seu irmão Ney Alves e mãe, Lúcia Alves, estiveram presentes no julgamento, mas não tiveram contato com o réu.
Como foi o primeiro dia A defesa de Daniel Alves havia solicitado a suspensão do julgamento alegando que a investigação inicial ocorreu sem o conhecimento do jogador. Além disso, argumentou que o atleta poderia ter feito um teste de bafômetro no momento, já que ele afirma estar embriagado na noite em questão. A advogada também mencionou que o juiz de instrução negou a solicitação para um segundo perito examinar a mulher que o acusa, além de reclamar de um suposto “julgamento paralelo” pela imprensa, que teria influenciado na decisão de prisão preventiva, e destacou as dificuldades financeiras de Daniel Alves, incluindo dívidas de aproximadamente R$ 3 milhões com a Fazenda da Espanha.
Entretanto, o pedido de suspensão foi negado pela juíza Isabel Delgado Pérez. Em contrapartida, a magistrada aceitou o pedido da defesa para que o jogador brasileiro testemunhasse somente no final da audiência, após as declarações da denunciante, testemunhas e peritos.
Durante o julgamento, a mulher que acusa Daniel Alves prestou depoimento protegida por um biombo para preservar sua identidade. Ela relatou que foi convidada com amigos para a área VIP da boate Sutton e acabou na mesa de Daniel Alves, onde dançaram juntos. Em determinado momento, o jogador a teria levado para uma porta que ela acreditava ser a saída, mas, ao entrar no local, percebeu que se tratava de um banheiro. Foi nesse momento que, segundo a denunciante, o jogador teria usado força para cometer o ato sem proteção.
Além da mulher, outras cinco pessoas prestaram depoimento no primeiro dia do julgamento, incluindo uma amiga e uma prima da denunciante, dois garçons e um porteiro da boate onde ocorreu o caso.
Uma das amigas que estava com a denunciante relatou que a mulher saiu do banheiro “chorando muito” e com o coração partido, afirmando repetidamente que o jogador havia lhe causado “muito mal”. A testemunha mencionou que, inicialmente, a mulher hesitou em denunciar o caso por temer que não acreditassem nela, mas acabou indo à polícia dois dias após ser convencida por amigos.
A prima da denunciante contou que se sentiu desconfortável com a presença de Daniel Alves desde o início, afirmando que ele a tocou em uma região íntima enquanto dançavam. Ela disse que viu o jogador se dirigir a uma porta que acreditou ser uma saída e sugeriu que a prima fosse falar com ele. Minutos depois, o jogador passou pela porta com uma expressão fechada. Mais tarde, a mulher saiu pela mesma porta, dizendo que precisava ir para casa porque ele havia lhe causado “muito mal”. De acordo com a prima da denunciante, a mulher passou a tomar antidepressivos, não está trabalhando e sai de casa apenas quando a família insiste.
Os garçons que atenderam Daniel Alves naquela noite afirmaram que o jogador já havia frequentado o local e que não suspeitaram de seu comportamento. Eles confirmaram a presença de uma garrafa de champanhe na mesa onde o brasileiro estava. O porteiro afirmou que viu a denunciante “chorando”. Ele também mencionou que Alves passou a cerca de dois metros da vítima na hora de sair da boate.
O julgamento é presidido pela juíza Isabel Delgado Pérez, com a participação dos magistrados Luís Belestá Segura e Pablo Diez Noval. Além de Daniel Alves e da mulher que o acusa, 28 testemunhas serão ouvidas ao longo dos três dias de julgamento. O terceiro dia será dedicado à análise de evidências periciais, como imagens das câmeras de segurança da boate onde ocorreu o incidente, bem como exames médicos realizados pela denunciante.