Inflação nos EUA sobe em junho e acende alerta sobre impacto das tarifas de Trump

A inflação nos Estados Unidos voltou a acelerar em junho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (15) pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês). O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 2,7% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, superando os 2,4% registrados em maio e reforçando preocupações sobre o impacto das novas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.

O núcleo da inflação, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, teve alta de 2,9% em 12 meses — acima do ritmo do mês anterior. Na variação mensal, o CPI avançou 0,3%, também acima dos 0,1% de maio.

Embora o resultado esteja em linha com as projeções dos analistas, o mercado interpreta o dado como um sinal de que os preços estão ganhando força em setores diretamente afetados pelas políticas tarifárias do governo. “Ainda estamos mais distantes da meta de 2% do Federal Reserve, o que torna improvável um corte de juros antes de setembro”, afirmou Skyler Weinand, diretor de investimentos da Regan Capital.

Entre os segmentos com maior impacto, destacam-se os preços de vestuário (+0,4%) e móveis domésticos (+1%), ambos sensíveis às tarifas sobre importações. Por outro lado, os preços de carros novos e usados surpreenderam com queda, apesar das expectativas de alta por causa das tarifas no setor automotivo.

Alimentos subiram 0,3% em junho, enquanto os custos com energia aumentaram 0,9%, revertendo a queda do mês anterior. A categoria “abrigo”, que inclui aluguéis e hospedagem, teve alta de 0,2% no mês e acumulou 3,8% em 12 meses, sendo o principal responsável pela elevação mensal do índice.

Apesar da pressão de Trump sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, para reduzir os juros, a expectativa majoritária do mercado ainda é de manutenção da taxa entre 4,25% e 4,5% na próxima reunião do banco central. Especialistas alertam que os efeitos das tarifas ainda devem se espalhar pela economia nos próximos meses, o que pode prolongar a cautela da autoridade monetária.

“O Fed está em modo de espera. Se a inflação continuar controlada, um corte em setembro pode acontecer. Mas se os próximos relatórios mostrarem outro cenário, o aperto pode durar mais”, afirmou Chris Zaccarelli, da Northlight Asset Management.

A política comercial agressiva de Trump tem causado incertezas no mercado, com reflexos no consumo, na confiança dos investidores e no ritmo da recuperação econômica dos EUA.

Com informações Ny Post