Incerteza sobre tarifas impostas pelos EUA paralisa embarques de petróleo do Brasil

A escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos já provoca impactos diretos no setor energético. Segundo a Reuters, a indefinição quanto à tarifa de 50% imposta pelo governo do presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros resultou na suspensão temporária dos embarques de petróleo do Brasil para os EUA.

O alerta foi feito por representantes do setor energético brasileiro, que classificaram a situação como “grave” e “sem precedentes”. De acordo com um grupo de lobby da indústria de óleo e gás, as empresas exportadoras estão retendo os carregamentos enquanto aguardam esclarecimentos sobre os termos da nova tarifa, que entra em vigor no dia 1º de agosto.

“O mercado está paralisado. Nenhum embarque está saindo com destino aos Estados Unidos, porque os exportadores não sabem se os custos adicionais poderão ser absorvidos ou repassados”, afirmou uma fonte ligada ao setor.

Brasil entre os principais fornecedores

O Brasil é um dos maiores fornecedores de petróleo cru para o mercado americano, especialmente de óleo leve extraído da camada do pré-sal. Em 2024, os EUA importaram cerca de 200 mil barris por dia de petróleo brasileiro, gerando bilhões em receita para o Brasil.

A medida de Trump, anunciada como parte de uma série de sanções comerciais contra países que mantêm laços comerciais com a China e a Rússia, tem o objetivo de pressionar economicamente parceiros considerados “neutros” ou “hostis” à estratégia geopolítica americana.

Efeitos econômicos e geopolíticos

Especialistas avaliam que a paralisação dos embarques pode afetar tanto a balança comercial brasileira quanto a segurança energética dos EUA. “Se os contratos não forem honrados, empresas dos dois países podem sofrer perdas significativas, e o Brasil será forçado a redirecionar sua produção para mercados alternativos, como China e Índia”, explica o analista internacional Rodrigo Costa, da Fundação Getulio Vargas.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, monitora a situação e busca, nos bastidores, evitar uma crise comercial mais ampla. Já a Petrobras e grandes petroleiras privadas mantêm suas cargas em portos à espera de orientação definitiva.

Setor cobra resposta rápida

Lideranças do setor cobram uma resposta clara do governo americano e defendem uma negociação diplomática para evitar prejuízos bilionários. “É um momento de alta tensão. Precisamos de segurança jurídica para continuar operando”, declarou um executivo do setor de energia ao Valor Econômico, sob anonimato.

Com a entrada em vigor da tarifa, analistas preveem uma possível reorganização das rotas comerciais de energia e uma maior aproximação do Brasil com mercados asiáticos.