
Consumidores dos EUA estocam produtos diante de novas tarifas anunciadas por Trump
Diante da iminente entrada em vigor de novas tarifas de importação anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, consumidores norte-americanos estão correndo para estocar alimentos, itens de higiene e outros produtos de uso cotidiano. A medida, que começa a valer nesta quarta-feira (8), já tem gerado impactos perceptíveis em grandes redes varejistas como Walmart e Costco.
Com medo de um novo aumento nos preços e lembranças recentes dos episódios de escassez durante a pandemia da Covid-19, muitos americanos estão adotando uma postura preventiva e comprando itens em grandes quantidades. Entre os produtos mais procurados estão enlatados, grãos, azeite, itens de higiene pessoal e até produtos de limpeza.
Thomas Jennings, morador de Nova Jersey, contou à agência Reuters que está dobrando a quantidade de compras. “Feijão, farinha, sucos, enlatados… tudo o que posso carregar. Estou me preparando para o pior”, afirmou.
Estimativas bilionárias
Segundo a Tax Foundation, grupo de pesquisa apartidário, as novas tarifas poderão custar aos consumidores americanos até US$ 3,1 trilhões ao longo da próxima década. Só em 2025, estima-se que cada família gaste, em média, US$ 2.100 a mais em função dos reajustes.
Especialistas apontam que a medida pode desencadear um novo ciclo de inflação. Manish Kapoor, especialista em cadeias de suprimento, afirma que os temores de prateleiras vazias e corridas aos supermercados se assemelham ao cenário vivido em 2020. “Ainda não chegamos àquele nível, mas há receio de que o custo de vida suba rapidamente.”
Insegurança e impacto na população vulnerável
Entre os consumidores, cresce a preocupação com o impacto direto nas finanças, especialmente entre os mais velhos e os que vivem com renda fixa. Maggie Collins, cuidadora em uma casa de repouso, relatou que já está trocando marcas e reduzindo quantidades para conseguir equilibrar o orçamento doméstico. “Qualquer aumento nos preços muda tudo para mim”, disse.
Angelo Barrio, aposentado, começou a se preparar meses antes. Ele já estocou dezenas de itens em seu porão climatizado, incluindo azeite, arroz, pasta de dente e enlatados. Crítico das tarifas, ele teme que o aumento de custos se torne insustentável para a população.
A tensão econômica é intensificada por novas ameaças do governo Trump à China, principal alvo das medidas. Caso o país asiático não recue de suas tarifas retaliatórias, o presidente norte-americano anunciou uma possível elevação extra de até 50% nas tarifas sobre produtos chineses.