Bolsa dos EUA despenca após retaliação da China e tensão comercial com Trump se agrava

A guerra comercial entre Estados Unidos e China se intensificou nesta quarta-feira (9), provocando forte instabilidade nos mercados financeiros globais. Em resposta às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos chineses — que chegaram a 104% —, Pequim anunciou uma retaliação imediata, elevando para 84% as tarifas sobre itens importados dos EUA.

O impacto foi sentido imediatamente em Wall Street. O índice Dow Jones caiu 254 pontos, aprofundando uma perda acumulada de 5.000 pontos na semana. Já o S&P 500 recuou 0,3%, enquanto o Nasdaq registrou leve alta de 0,1%, sustentado pelo desempenho de empresas de tecnologia.

Investidores reagem com cautela

A escalada de tarifas trouxe de volta o temor de recessão nos EUA, além de preocupações com o impacto inflacionário. Analistas alertam que os custos para empresas americanas devem subir com a nova taxação chinesa, especialmente para indústrias que dependem de insumos importados.

“O mercado está navegando em águas desconhecidas. Não há precedentes para o tipo de política comercial que está sendo aplicada agora”, disse Carol Schleif, estrategista-chefe da BMO Private Wealth.

Apesar da queda, investidores ainda buscam sinais de trégua. “Vimos compradores entrarem no mercado com qualquer rumor de negociação. Há uma esperança frágil de que ainda haja espaço para diálogo”, completou Schleif.

Negociações e volatilidade

Na terça-feira (8), o mercado chegou a esboçar reação positiva, com o Dow Jones subindo mais de 1.400 pontos após rumores de acordos comerciais com países como Japão, Coreia do Sul e Vietnã. No entanto, o clima de otimismo durou pouco. A nova rodada de tarifas anunciada pela Casa Branca frustrou os investidores, provocando nova queda no fechamento.

Com a tensão crescente entre as duas potências, especialistas temem consequências mais amplas para a economia global. A guerra comercial atinge não apenas os setores industrial e agrícola, mas também os consumidores, que devem sentir os efeitos dos aumentos nos preços já nas próximas semanas.