MOSCOU (Reuters) – O presidente russo, Vladimir Putin, enviou suas condolências à família de Yevgeny Prigozhin nesta quinta-feira, quebrando o silêncio depois que o avião do líder mercenário caiu sem sobreviventes, dois meses depois de ele ter liderado um motim contra chefes do Exército.

Duas autoridades dos EUA disseram à Reuters que Washington acredita que um míssil terra-ar originado de dentro da Rússia provavelmente derrubou o avião, embora tenham dito que a informação era preliminar e está sob revisão. Eles falaram sob condição de anonimato e não ofereceram provas.

Investigadores russos abriram uma investigação criminal, mas não houve nenhuma palavra oficial de Moscou sobre o que pode ter causado o acidente de quarta-feira à noite. Até os comentários de Putin, não havia nenhuma confirmação oficial da morte de Prigozhin, além de uma declaração da autoridade aeronáutica dizendo que ele estava a bordo.

Quebrando o silêncio, Putin descreveu Prigozhin como um empresário talentoso que conhecia desde a década de 1990 e disse que a investigação do acidente levaria tempo.

Prigozhin, de 62 anos, era chefe do grupo mercenário Wagner e autodeclarado inimigo dos altos escalões do exército devido ao que ele disse ser o processo incompetente da guerra da Rússia na Ucrânia.

Putin fez anteriormente uma declaração virtual numa cimeira dos países BRICS na África do Sul, na qual o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, estava presente. Nenhum dos dois fez referência ao acidente de avião no qual 10 pessoas teriam morrido.

A mídia estatal deu ao desastre uma cobertura discreta.

Um cinegrafista filma os destroços do jato particular ligado ao chefe mercenário da Wagner, Yevgeny Prigozhin, perto do local do acidente na região de Tver, Rússia, em 24 de agosto. REUTERS/Marina Lystseva 

O jato executivo Embraer Legacy 600 (EMBR3.SA) , que voava de Moscou a São Petersburgo e também transportava membros seniores da equipe de Prigozhin, caiu perto da vila de Kuzhenkino, na região de Tver, ao norte de Moscou.

Um repórter da Reuters no local do acidente na manhã de quinta-feira viu homens carregando sacos pretos para cadáveres em macas. Parte da cauda do avião e outros fragmentos estavam no chão, perto de uma área arborizada onde investigadores forenses montaram uma tenda.

O meio de comunicação Baza, que conta com boas fontes entre as agências de aplicação da lei, informou que os investigadores estavam se concentrando na teoria de que uma ou duas bombas poderiam ter sido plantadas a bordo.

Prigozhin liderou o motim contra a liderança do exército nos dias 23 e 24 de junho, que Putin disse que poderia ter levado a Rússia à guerra civil.

O líder mercenário também passou meses criticando a condução da guerra russa na Ucrânia – que Moscou chama de “operação militar especial” – e tentou derrubar o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior.

O motim foi encerrado por um aparente acordo do Kremlin, que viu Prigozhin concordar em se mudar para a vizinha Bielorrússia. Mas ele parecia circular livremente dentro da Rússia.

Prigozhin postou um vídeo na segunda-feira que sugeriu ter sido feito na África. Ele apareceu numa cimeira Rússia-África em São Petersburgo, em Julho.