
Prestação de contas de Sandro Mabel gera novo atrito com vereadores
A prestação de contas do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), referente ao segundo quadrimestre de 2025, foi marcada tanto pela apresentação de números positivos quanto por tensões políticas com a Câmara Municipal. Durante audiência pública na Comissão Mista, realizada na última quinta-feira (2), o gestor exibiu superávit primário de R$ 678,7 milhões, o melhor resultado dos últimos cinco anos, mas deixou o plenário antes do fim da sessão, o que provocou reação negativa entre parlamentares.
Superávit recorde
De acordo com os dados divulgados, a Prefeitura arrecadou R$ 6,6 bilhões no período, representando aumento real de 6,61% em relação a 2024. Já as despesas caíram 10,57%, totalizando R$ 5,9 bilhões, contra R$ 6,2 bilhões no mesmo período do ano passado. A administração destacou que o resultado demonstra controle fiscal e melhora da gestão financeira.
Pedidos de desculpa e tensão política
Logo no início de sua fala, Mabel pediu desculpas aos vereadores por declarações feitas dias antes, em que acusou alguns parlamentares de agir “contra a cidade”. Apesar disso, a situação não se pacificou. O prefeito rebateu críticas do presidente da Comissão Mista, Cabo Sena (PRD), e afirmou que não participaria de “lavar roupa suja”, deixando o plenário antes que os debates fossem concluídos.
A atitude foi mal recebida e reacendeu desgastes entre Executivo e Legislativo. No dia anterior, a Câmara já havia aprovado uma nota de repúdio contra as falas do prefeito, após proposta de Sena que reuniu 12 assinaturas. Parlamentares como Lucas Vergílio (MDB) e Aava Santiago (PSDB) também criticaram o posicionamento de Mabel, afirmando que ele dificulta o diálogo institucional.
Apoio da base aliada
Apesar das críticas, membros da base do prefeito saíram em sua defesa. Os vereadores Ronilson Reis (SD), Rose Cruvinel (UB) e o líder Wellington Bessa (DC) ressaltaram que Mabel cumpriu seu papel ao apresentar os dados fiscais e que secretários permaneceram para esclarecer dúvidas técnicas.
Contexto da disputa
O atrito ocorre em meio ao debate da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que já gerou impasses entre Prefeitura e Câmara. Relatório apresentado por Lucas Vergílio questionou pontos que diminuiriam a autonomia do Legislativo na fiscalização do Orçamento. A Procuradoria da Casa também levantou possíveis irregularidades na tramitação do projeto, aumentando a tensão política.
Embora os números fiscais indiquem um avanço da gestão municipal, com recuperação financeira e controle de despesas, a crise política entre o prefeito Sandro Mabel e a Câmara de Goiânia ofusca os resultados. O superávit recorde não foi suficiente para reduzir a insatisfação de parte dos vereadores, e a saída antecipada do prefeito da sessão reforçou a percepção de distanciamento entre os dois poderes. A continuidade dessa relação conflituosa pode comprometer a tramitação de projetos estratégicos e desafiar a governabilidade nos próximos meses.