O governo da Venezuela anunciou nesta terça-feira (19) a suspensão temporária da compra, venda e operação de drones em todo o território nacional, em um movimento que reflete o aumento da tensão com os Estados Unidos. A medida foi comunicada pelo ministro dos Transportes, Ramón Velásquez Araguayán, e terá validade inicial de 30 dias, podendo ser prorrogada.

De acordo com o comunicado oficial, ficam proibidas atividades como fabricação, importação, distribuição, treinamento, registro e operação de aeronaves pilotadas à distância. A exceção será apenas para órgãos de segurança e defesa do país. A fiscalização ficará a cargo do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), em coordenação com os ministérios do Interior, Defesa, Economia e Finanças.

O anúncio foi feito no mesmo dia em que o presidente Nicolás Maduro denunciou um suposto aumento de ameaças por parte dos EUA e informou que ordenará a mobilização de mais de 4,5 milhões de milicianos em todo o país. Criadas pelo ex-presidente Hugo Chávez, as milícias populares foram idealizadas como braço auxiliar das Forças Armadas em caso de conflitos externos ou internos.

Maduro já sobreviveu a episódios de instabilidade, como a tentativa de assassinato com drones em 2018 e o levante militar fracassado em 2019. Ao longo de seus 12 anos de governo, o líder venezuelano frequentemente denuncia conspirações contra seu regime, mas raramente apresenta resultados concretos das investigações.

A medida de restrição aos drones reacende o debate sobre a liberdade de uso dessas aeronaves no país, onde a operação legal exige registro no INAC, licença específica e seguro de responsabilidade civil. A falta de documentação já levou à prisão de operadores nos últimos anos.

O endurecimento ocorre em um contexto de pressão diplomática e militar entre Caracas e Washington. Recentemente, os Estados Unidos anunciaram movimentações navais no Caribe e voltaram a cogitar o uso da força contra o regime chavista, sob a justificativa de combate ao narcotráfico.