Tarifa de 50% imposta por Trump sobre café brasileiro deve redirecionar exportações para China

Especialistas apontam reconfiguração no comércio global do grão e possível impacto na balança comercial brasileira

A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, deve provocar mudanças significativas no comércio internacional da commodity. Especialistas do setor preveem que o Brasil, maior exportador mundial do grão, deverá redirecionar boa parte de suas exportações para a China e outros países asiáticos, enquanto os EUA buscarão novos fornecedores para suprir sua demanda interna.

A decisão de Trump faz parte de um pacote mais amplo de retaliações comerciais adotadas em meio a tensões diplomáticas com o governo brasileiro. O impacto imediato recai sobre o café arábica — de maior valor agregado — tradicionalmente exportado em grandes volumes para os EUA, um dos principais mercados consumidores do grão brasileiro.

Segundo analistas ouvidos pela agência Reuters, a nova política tarifária norte-americana poderá beneficiar produtores da Colômbia, América Central e até mesmo da África, que passariam a suprir parte do mercado anteriormente dominado pelo Brasil. Por outro lado, a China surge como destino estratégico para os grãos brasileiros, especialmente diante do crescimento do consumo de café entre os consumidores chineses nos últimos anos.

Exportadores brasileiros devem buscar acordos comerciais e rotas alternativas para mitigar os efeitos da medida. Apesar da pressão no curto prazo, representantes do setor avaliam que o Brasil possui capacidade logística e produtiva para se adaptar ao novo cenário global. A longo prazo, o movimento pode acelerar a diversificação dos destinos do café brasileiro, com foco em mercados asiáticos em expansão.

Ainda não há sinalização de resposta oficial do governo brasileiro, mas entidades representativas do agronegócio já demonstram preocupação com o impacto sobre a balança comercial e a competitividade do setor. A medida ocorre em um momento de recuperação econômica e pode afetar milhares de produtores que dependem das exportações para sustentar suas atividades.