Maioria dos brasileiros apoia operação contra Bolsonaro nas redes sociais, aponta levantamento da Quaest

Um levantamento realizado pela consultoria Quaest, divulgado neste sábado (20), aponta que 59% dos brasileiros que se manifestaram nas redes sociais apoiam a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outros 41% se disseram contrários à ação, evidenciando a polarização em torno das investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A análise, baseada no monitoramento de postagens e interações nas principais plataformas digitais, mostra que a operação dividiu opiniões, mas obteve apoio majoritário do público digital. A ação da PF, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, incluiu o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente, restrição de uso de redes sociais e proibição de contato com embaixadores.

O debate se intensificou após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, em reação às investigações contra Bolsonaro. O gesto foi interpretado como uma tentativa de pressionar o governo brasileiro e gerou reações contrárias por parte de autoridades e da população.

Segundo a Quaest, o apoio à operação se concentra principalmente entre usuários com maior grau de escolaridade e alinhamento progressista, enquanto a rejeição é mais forte entre apoiadores do ex-presidente e perfis identificados com a direita. A polarização também se reflete na forma como os temas “liberdade de expressão”, “perseguição política” e “defesa da democracia” são mobilizados por grupos distintos.

O diretor da Quaest, Felipe Nunes, destacou que as redes sociais continuam sendo termômetro da opinião pública e do engajamento político: “Esse tipo de monitoramento ajuda a entender não só as reações da sociedade, mas também o comportamento das bolhas digitais, que têm influência crescente na agenda nacional”.

A operação contra Bolsonaro faz parte de um inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. O ex-presidente nega as acusações e tem reforçado a narrativa de perseguição política.

Enquanto isso, o governo federal e o Congresso Nacional defendem a autonomia das instituições e o cumprimento das decisões judiciais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já afirmou que “ninguém está acima da lei” e que o Brasil não aceitará interferência estrangeira em seus processos internos.