
Vaticano conclui restauração da maior Sala de Rafael e revela técnica inédita usada pelo artista renascentista
Os Museus do Vaticano anunciaram nesta quinta-feira (27) a conclusão da restauração da Sala de Constantino, a maior e última das quatro Salas de Rafael no Palácio Apostólico. A intervenção, que durou cerca de 10 anos, revelou descobertas inéditas sobre a técnica do artista renascentista Rafael Sanzio, morto precocemente em 1520.
Entre as revelações mais significativas está a confirmação de que Rafael utilizou tinta a óleo — e não apenas afresco — diretamente sobre a parede em duas figuras femininas: Justiça e Cortesia. Os restauradores também identificaram uma série de pregos embutidos nas paredes, usados para fixar uma camada de resina sobre a qual ele pretendia pintar. Segundo especialistas, essa técnica experimental nunca havia sido registrada em murais renascentistas.
“Com esta restauração, reescrevemos uma parte da história da arte”, afirmou Barbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano. Ela destacou que o uso da tinta a óleo nos murais demonstra a ousadia técnica de Rafael, que buscava maior luminosidade e profundidade em suas imagens.
A Sala de Constantino foi idealizada para homenagear o imperador romano que se converteu ao cristianismo. Rafael iniciou a obra, mas faleceu antes de concluí-la. Seus discípulos terminaram o trabalho utilizando a técnica tradicional de afresco, que consiste na aplicação de tinta sobre gesso ainda úmido.
Durante os trabalhos, o teto da sala — pintado por Tommaso Laureti com a cena “Triunfo do Cristianismo sobre o Paganismo” — também foi restaurado. A pintura, conhecida pelo uso avançado da perspectiva, agora pode ser admirada sem os andaimes que cobriram a sala por anos.
As Salas de Rafael estão entre os principais atrativos dos Museus do Vaticano, que neste ano devem receber milhões de visitantes em razão do Jubileu de 2025. Com a restauração finalizada, os visitantes poderão contemplar na íntegra um dos maiores legados da arte renascentista.