Corpo de Santa Teresa de Ávila atrai multidão na Espanha após mais de um século sem exibição pública

Fiéis católicos de toda a Espanha e do mundo fizeram fila para ver os restos mortais de Santa Teresa de Ávila, expostos este mês em Alba de Tormes, no oeste do país. A rara exibição do corpo da mística carmelita do século XVI atraiu cerca de 100 mil visitantes ao longo de duas semanas. A última vez que seus restos haviam sido mostrados publicamente foi em 1914.

A exposição, encerrada nesta segunda-feira (17), foi marcada por emoção, devoção e homenagens silenciosas. Muitos fiéis, como Guiomar Sánchez, que viajou de Madri com as filhas, relataram sentimentos intensos ao ver o crânio da santa vestido com hábito religioso. “Vê-la foi uma experiência inexplicável”, disse Sánchez.

A urna de prata que abriga os restos da santa — com apenas 1,3 metro de comprimento — foi carregada em procissão pelas ruas da cidade, acompanhada por peregrinos. Segundo o prior dos Carmelitas Descalços de Salamanca, Miguel Ángel González, ainda não há previsão de quando haverá nova exibição.

Santa Teresa é considerada uma das maiores figuras da espiritualidade cristã e teve papel central na reforma da Ordem Carmelita durante a Contrarreforma. Seus escritos místicos continuam influentes na teologia católica.

Apesar do tom solene, a exposição gerou debates nas redes sociais e memes sobre o aspecto macabro do culto às relíquias. Autoridades e estudiosos, no entanto, defenderam a prática como parte da tradição católica. “O fato de seu corpo não ter se deteriorado muito era considerado um sinal de santidade”, explicou Cathleen Medwick, autora de uma biografia da santa.

Partes do corpo de Teresa estão espalhadas por igrejas da Europa — como dedos, mandíbula e até o coração —, mantendo viva a devoção por uma das mulheres mais veneradas da história religiosa espanhola. Para os que estiveram presentes em Alba de Tormes, foi um momento de fé inesquecível.