O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou, nesta segunda-feira, 6, que renunciará ao cargo após quase dez anos no poder. Trudeau, de 53 anos, permanecerá como líder interino até que o Partido Liberal escolha um sucessor.

Em entrevista coletiva na residência oficial, em Ottawa, Trudeau afirmou que sua decisão foi motivada pelo desejo de oferecer aos canadenses uma “escolha real” nas próximas eleições. “Sou um lutador, mas sempre fui movido pelo meu amor pelo Canadá e pelo desejo de servir os canadenses”, declarou.

A renúncia ocorre em meio a pressões crescentes dentro do Partido Liberal e a pesquisas indicando forte queda no apoio popular. Levantamentos recentes apontam que os liberais seriam derrotados pelo Partido Conservador, liderado por Pierre Poilievre, nas eleições previstas para outubro.

Trudeau enfrentou desgaste político nos últimos anos, marcado por críticas ao aumento do custo de vida e aos gastos do governo. A situação se agravou no mês passado, quando Chrystia Freeland deixou o cargo de ministra das Finanças após desentendimentos sobre políticas econômicas.

Além das disputas internas, o governo Trudeau enfrentou tensões comerciais com os Estados Unidos. O ex-presidente Donald Trump, que busca retornar à Casa Branca, já ameaçou impor tarifas sobre produtos canadenses, caso não haja mudanças no controle de migração e drogas na fronteira.

Trudeau assumiu a liderança do Partido Liberal em 2013, quando a sigla enfrentava dificuldades, e levou o partido à vitória em 2015 com uma plataforma progressista. Durante seu mandato, defendeu políticas voltadas para igualdade de gênero e combate às mudanças climáticas.

Reeleito duas vezes, ele se consolidou como um dos primeiros-ministros mais longevos do Canadá. O parlamento, que retomaria as atividades em 27 de janeiro, terá os trabalhos adiados para 24 de março, período em que os liberais devem definir seu novo líder.